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Loja Atualizada 13/04/2022

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Thwor Ironfist segurando a cabeça de um elfo
Thwor Ironfist
"Quando a sombra passar pelo globo de luz
Trazendo a vida que trará a morte
Terá surgido o emissário da dor
O arauto da destruição
Seu nome será cantado por uns
E amaldiçoado por outros
O sangue tingirá os campos de vermelho
Um rei partirá sua coroa em duas
E a guerra tomará a tudo e a todos
Até que a sombra da morte complete seu ciclo
E a flecha de fogo seja disparada
Rompendo o coração das trevas"
Livro A Flecha de Fogo
“SÉCULOS ATRÁS, uma profecia anunciou o surgimento de um conquistador sanguinário. Então, com um eclipse, ele chegou. Thwor Ironfist, o Grande General, a Foice do Deus da Morte, o Arauto da Destruição.

Ele uniu as monstruosas tribos goblinoides, transformando-as numa horda invencível. Massacrou Lenórienn, o Reino dos Elfos, e conquistou todo o continente sul. Agora volta seus olhos ao norte, para a civilização humana. A guerra está próxima.

Nos versos da profecia também está a única coisa que pode detê-lo: a Flecha de Fogo. Alguns especulam que seja uma pessoa, outros dizem que é uma arma, uma peste, um inimigo ainda pior. Ninguém sabe a verdade e, se o mistério não for decifrado a tempo, a humanidade pode estar condenada.

A cidade de Sternachten observa os céus com telescópios, prevendo o futuro em nome do deus Thyatis. A maior conquista de seus astrólogos seria enfim desvendar a profecia da Flecha de Fogo. O jovem Corben é apenas mais um sacerdote que habita os observatórios da cidade. Poderia ser ele a chave para o enigma?

Avran Darholt, um guerreiro sagrado, vê a escuridão se aproximando e toma para si a missão de enfrentar Thwor Ironfist. Está disposto a qualquer sacrifício para proteger os reinos humanos do exército monstruoso.

Mas os servos do Grande General já estão entre os humanos. A batalha final começará em Sternachten... E o sacerdote Corben estará no centro do embate entre heróis e monstros, luz e trevas, Thwor Ironfist e a civilização."

Com essa sinopse, o leitor é introduzido por Leonel Caldela ao livro A Flecha de Fogo, provavelmente o melhor romance do autor da linha Tormenta.

A história, depois de 20 anos de lançamentos, resolve um dos maiores mistérios do cenário: o que é a flecha de fogo da profecia de Thwor Ironfist?

O livro está dividido em três partes: Profecia, Império e Eclipse.

O objetivo deste artigo é servir tanto como análise para quem leu como guia rápido para quem não leu e quer um resumo com opinião.

Logo de início percebemos uma diferença em relação à Trilogia Tormenta; o romance inteiro é escrito em primeira pessoa, sendo protagonizado pelo clérigo Corben que começa narrando sua infância trancafiado na fazenda de seu pai e depois sua vida como adepto de Thyatis na cidade de Sternachten. O lugar é uma interessante adição a Arton, e particularmente eu gostei muito dessa parte do livro, embora conheça pessoas que a tenham achado um pouco maçante. Nela vemos que as principais atividades da cidade estão relacionadas aos observatórios com telescópios dos clérigos astrólogos, que buscam nos astros uma explicação para a profecia central da história. Também observamos a relação entre os sacerdotes, sobretudo do trio Corben, Clement e Ysolt que tem certa semelhança com o trio protagonista de Harry Potter. Ysolt é a mais promissora, mas Corben acaba roubando sua ideia torna-se o centro das atenções. Concomitantemente assistimos a introdução da personagem Laessalya, uma elfa louca de cabelos vermelhos que acredita ser a flecha de fogo, representando uma das ideias mais antigas do cenário, de que “a flecha” seria uma pessoa e não um item ou magia. Soube que essa mesma elfa já havia sido apresentada em um conto de nome “o Cerco”, mas como não o li, manifesto a visão de um leitor neutro.

Depois da destruição de Sternachten pelo misterioso lodo negro, somos levados ao arco de Avran Darholt e seus companheiros, a Ordem do Último Escudo, um grupo de aventureiros que vive em Lamnor combatendo a Aliança Negra.

Inicialmente, começamos a acreditar que veremos algo parecido com o que vivenciamos em O Inimigo do Mundo, a apresentação de um típico grupo de heróis, porém, antes mesmo de Avran começar a se revelar um fanático, percebemos que há algo de errado. Com exceção do paladino, falta profundidade aos personagens citados. Para alguns leitores, a Ordem do Último Escudo, parece um grupo genérico de RPG, e isso não melhora ao longo do livro. Não é nada que estrague a história, mas é algo que podia ter sido melhor aproveitado, para que quando e depois que fosse quebrado o vínculo com Corben, a surpresa e as emoções fossem maiores. Essa talvez não seja uma crítica justa ao Caldela, pois o livro já é bastante extenso e há muito que contar, mas foi algo que reparei junto aos demais leitores. Mesmo assim, a parte do Castelo do Sol é suficiente para nos deixar intrigados sobre quem são os verdadeiros vilões da narrativa.

Antes do fim da parte 1 do livro, a caçadora de cabeças hobgoblin, Maryx Corta-Sangue, revela que Avran matou Corben em Sternachten dando a entender que o romance terá uma direção diferente. Como lemos adiante, a Ordem do Último Escudo foi responsável pelo massacre na cidade, o primeiro grande plot twist do livro.

Na parte 2, temos um contato mais próximo entre o protagonista e o grupo goblinoide. Gradda, a bruxa goblin, o warg Eclipse e Maryx Corta-Sangue. Então começamos a descobrir a cultura da Aliança Negra e um ponto de vista da história de Arton bem diferente, ainda que sobre a ótica de Corben, na condição de prisioneiro. Os elfos seriam, na verdade, um povo invasor que cruelmente chacinou e expulsou os hobgoblins de suas terras e os goblinoides teriam um ressentimento com os humanos, por esses terem “rastejado” para os elfos ao invés de ajudarem a defender Lamnor.

Mostrar a perspectiva dos “monstros” não é uma ideia totalmente original, pois até mesmo em “O Senhor dos Anéis – As Duas Torres” (onde orcs são sempre vilões) vemos um capítulo inteiramente dedicado a isso. Contudo, Caldela o faz de maneira magistral em A Flecha de Fogo, se diferenciando de outras empreitadas do gênero como Warcraft. A Aliança Negra é ricamente descrita ao longo de Império como uma sociedade coletivista, sem moeda, em que permutas são resolvidas com pequenas disputas hierárquicas e em função da necessidade. Até mesmo a alimentação e as armas goblinoides seguem uma lógica própria, quase indígena. Acreditam, por exemplo, que comer os olhos de uma criatura pode melhorar sua visão e que uma arma torna-se mais mortal conforme acumula mortes (que é o caso do Kum’shrak de Maryx). Não é exatamente uma estrutura tribal e sim um império com suas próprias cidades e cultura de coexistência. Um dos aspectos mais interessantes é o conceito de duyshidakk, que basicamente quer dizer “o povo”. Você não precisa pertencer às raças da Aliança Negra para ser duyshidakk, você pode se tornar um se aprender sua cultura. E é basicamente o que acontece com Corben conforme ele progride na história. Outro conceito importante é o do “Mundo Como Deve Ser” que varia de personagem para personagem, mas consiste basicamente em um ideal para toda Aliança Negra, uma utopia goblinoide, o futuro que eles queriam para seus descendentes. Para Maryx, por exemplo, “é mais do que apenas juntar as raças num exército. É a noção de que os goblinoides são um só povo. São o povo escolhido, o mais digno e versátil do mundo. Mas estamos divididos. Assim como um corpo se compõe de braços, pernas, tronco e cabeça, o povo se compõe de goblins, hobgoblins e bugbears. Ogros, orcs, gnolls, kobolds e outros. Todos com suas próprias capacidades, suas funções no conjunto. Todos se completando.” Já para Gaardalok é a supremacia de Ragnar. Para Thwor é o mundo que o conflito primordial tenha acabado.

A conversão de Corben vai acontecendo aos poucos, e é interessante que ele muda de opinião várias vezes, mesmo quando já parece ter se decidido. Mas há uma coisa que me incomoda: a cultura da Aliança Negra é incompatível com os dogmas de Thyatis sobre a vida inteligente ser sagrada e ao longo do livro Corben vai se esquecendo disso, mesmo quando parece manter seus poderes clericais. Eu gostei muito da escolha de um clérigo para ser o protagonista, isso é incomum em histórias de fantasia medieval, mas alguém que vive pela fé deveria ser mais inflexível do que ele é. Caldela parece lembrar um pouco disso no Eclipse de Sangue em Farddenn e depois quando Corben encontra Gaardalok, mas não vai muito além.

Comentando sobre a participação de Thwor no livro: desde o primeiro diálogo com Corben, ele é tudo o que eu esperava que fosse. Caldela poderia ter tomado um caminho fácil e o tornado mais brutal e tirânico, mas escolheu mostrar sua introspecção e raciocínio conforme o background original do cenário. O Ayrrak, como é chamado pelos goblinoides tem a sua própria visão de como funciona a Criação, que chama de Akzath. “Segundo sua visão, os mortais experi­mentariam o tempo numa linha contínua porque não teriam a capacidade para compreender o Akzath como um todo. Cada acontecimento, por mais insignificante ou mais grandioso que fosse, era determinado pela posição de algo no Akzath. [...] Tudo que existe, de um grão de areia até uma estrela, de um bugbear até um deus, está em algum ponto do Akzath, próximo a alguns conceitos, o que determina seu destino, os acontecimentos de sua existência.” Em outras palavras, Thwor acredita em uma espécie de “ressonância” com conceitos de seu quadro do Akzath (ver abaixo) que influencia no que acontece com cada um. Como alguém é chamado, por exemplo, pode alterar a posição dessa “ressonância”.
O quadro do Akzath
O quadro do Akzath
Não sabemos se isso vai virar retcon, mas um detalhe interessante sobre Thwor é que no romance ele não aparenta ser Caótico e Maligno como no material oficial de TRPG. Eu o colocaria como Neutro ou Caótico e Neutro, pois apesar de ser um assassino de inocentes ele demonstra graus de altruísmo. Porém, notem que isso não necessariamente resultaria em retcon, pois o romance é escrito do ponto de vista do Corben, e sabemos como ele termina no final (ver adiante)...

Pouco depois que Thwor, em Farddenn, passa a missão de Corben continuar a procurar pela Flecha de Fogo, o leitor é introduzido a capital da Aliança Negra, Urkk’thran, que é descrita com bastante originalidade, por Caldela. As construções remontáveis desde a base da cidade goblinoide fogem do estereótipo “tribal/primitivo” ou de “torres negras” que vemos em outras histórias do gênero. Também nos é mostrado que a privacidade e o conceito de residência não são importantes para a cultura goblinoide como são para a humana. 

Maryx

Maryx tem seu destaque nesta parte do livro, em que conhecemos sua família hobgoblin. Isso nos ajuda a conhecer mais a personagem e a humaniza-la, mas sem excessos.

O ponto alto dessa parte do romance é quando Corben é levado à Torre Ceifadora pelos clérigos de Ragnar. Lá ele descobre sua importância e os filhos de Thwor cortejam sua aliança. Parabéns pelo personagem Ghorawkk, o filho de Thwor com o background mais interessante! Trata-se de um bugbear que nasceu mais fraco e patético que os irmãos e desenvolveu uma série de complexos.

O segundo grande plot twist do livro vem com a revelação de que a duyshidakk de nome Thraan’ya é na verdade a antiga princesa élfica, Tanya. Para aqueles que não se lembram, Tanya foi, no passado, sequestrada em Lenórienn por Thwor e oferecida aos hobgoblins para começar a Aliança Negra. Nessa nova história, ela não só se vê como duyshidakk como também é uma das mais radicais e é encontrada por Corben sentada em um trono feito de cadáveres de reis mortos, incluindo o seu pai, o rei Khinlanas! Certos leitores acharam que ela se entregou a uma tremenda síndrome de Estocolmo. Enferma ou não, a mudança de Tanya foi muito instigante para o ledor.

Gaardalok, sumo-sacerdote de Ragnar, aparece quase em seguida, transformado em um lich! Ele oferece a oportunidade de Corben se tornar morto-vivo, mas o astrólogo prefere manter-se leal à Maryx. Definitivamente não sabíamos o que iria acontecer até terminarmos o capítulo.

Quando Corben volta a observar os céus na Torre de Todos os Olhos de Urkk’thran, durante um ataque da Ordem do Último Escudo, ele finalmente descobre o que é a flecha de fogo. Não é o lodo negro, nem um item ou pessoa: a flecha de fogo é um cometa. Uma rocha celeste em rota de colisão com Lamnor, que matará Thwor junto com praticamente todo o império goblinoide. Esse é provavelmente o maior acerto do livro, pois foi algo inesperado para os fãs de Tormenta, além de fazer muito sentido para a história. Finalmente nós entendemos as motivações da Ordem do Último Escudo, eles massacraram Sternachten para proteger o segredo da flecha e fazer com que a profecia se realizasse de forma a destruir a Aliança Negra.

Infelizmente a morte de Bhuorekk, um dos filhos de Thwor, por Corben que sucede esses acontecimentos tem seu impacto dramático reduzido, na medida em que o protagonista não sente nada a não ser a perda de sua conexão com Thyatis após matar um ser inteligente. É como se Corben fosse um jogador de RPG malandro que só está preocupado se irá perder ou não sua capacidade de realizar milagres. Ele não sente a culpa que um clérigo deveria sentir por cometer um pecado. E pior, mais adiante no livro vemos que ele recupera suas habilidades clericais sem nem mesmo realizar uma penitência. Não é algo que estrague a história, mas em termos de verossimilhança, mesmo para um romance de fantasia, é um equívoco do autor.

Após a morte da família de Maryx, revisitamos o passado de Corben preso na casa da fazenda com o pai e a irmã. Nessa e nas mesmas partes subsequentes semelhantes do romance percebemos o quanto o pai de Corben estava louco. Particularmente eu me identifiquei bastante com esses trechos do livro, pois fui e a ainda sou bastante incompreendido pelos outros por conta de decisões dos meus pais.

Depois de Corben contar à Thwor sobre a flecha de fogo e que matou seu filho, e também após Maryx ser marcada por Gaardalok, o mesmo grupo que começou Império parte de Urkk’thran para Tyrondir objetivando salvar a Aliança Negra. Então temos uma curiosa revelação sobre o cenário: a arquimaga Hangpharstyth que deu nome ao istmo que separa os dois continentes, Arton Norte de Lamnor, era na verdade uma goblin que deu início a tradição mística de Gradda.

O arco de Khalifor que expande a história de Gradda é provavelmente o segmento mais irrelevante de todo o livro, sobretudo porque não é revelada exatamente a natureza do pacto ancestral que o clã da goblin tem com o demônio bode negro, Senhor dos Restos. O abyssal apenas se contenta em ficar com algum tempo de vida de Gradda, sem necessariamente dar indícios de que está concedendo algo em troca. É um trecho do romance que no máximo serve para atiçar a curiosidade do leitor, pois não tem exatamente uma conclusão. Parece até ser parte de certa fixação de Caldela por pactos com demônios. Já havíamos visto algo semelhante em O Inimigo do Mundo e em O Terceiro Deus, mas nestes casos havia uma conexão com a história principal. Por outro lado o momento em que Corben descobre a origem do escudo de Avran tem sua importância, mas como a própria Gradda fala no final do capítulo: “Khalifor é isso. Satisfeito? Vamos embora”.

O capítulo seguinte mostra que a Aliança Negra tem aliados entre os plebeus no sul de Tyrondir, sobretudo aqueles que se ressentem com os altos impostos cobrados pelos nobres. O plot é até bem executado, mostra que Thwor não ficou “coçando o saco” ao longo dos anos, mas me parece bastante forçado chegar ao ponto de dizer que esses colaboradores passaram a cultuar Ragnar.

Após Corben reencontrar Sternachten e lembrar-se de como foi morto lá anteriormente, a Aliança Negra se reúne e marcha como uma horda até o exército de Tyrondir e então temos o encontro de Thwor com o rei Balek III – um dos meus momentos preferidos do livro. Thwor praticamente se humilha para pedir acolhimento para seu povo e Corben auxilia-o revelando sobre o cometa para a comitiva diplomática, mas o monarca mostra que tem a sua própria Flecha de Fogo falsa, Laessalya, que agora está com o domínio completo de seus poderes. Uma batalha entre a Aliança Negra e o exército do rei ocorre e a parte 2 do romance termina com mais uma morte de Corben pelas mãos da elfa louca e uma fuga de Avran (que junto com a Ordem do Último Escudo, estava auxiliando Balek III).

Mapa de Lamnor
Mapa de Lamnor
A terceira e última parte do livro começa com Corben se reencontrando com Thyatis na morte o que é interessante para o desfecho do romance por ele mostrar que, de certa maneira, tem mais fé agora nos ensinamentos de Thwor sobre o Akzath do que no próprio deus patrono.

O astrólogo acorda em um acampamento em Tyrondir, depois de ficar morto por uma estação (é primavera). Então temos a cena do batismo de Corben, que passou a se chamar Khorr’benn An-ug’atz. O clérigo não é mais um escravo humano, agora é duyshidakk.

Depois disso, Corben reencontra o pai como um dos prisioneiros humanos e decidi levá-lo para Grimmere, uma fortaleza onde nenhuma agressão é possível, pois foi encantada pela morte de uma clériga de Marah. Mas não antes de precisar dobrar Gaardalok, para que fosse possível ter com Thwor. A maneira como isso é feito é um dos pontos altos do romance. Basicamente Corben acusa Gaardalok de não ter provado a morte, a benção de Ragnar.

Quando o protagonista se encontra com Thwor pela última vez eles refletem que talvez a interpretação correta sobre Ragnar seja de que ele é o deus da morte dos goblinóides.

A parte de Grimmere é interessante para analisarmos até que ponto podemos chegar se formos sobrenaturalmente pacíficos. Neste trecho do livro vemos o retorno de uma personagem que conhecemos em O Inimigo do Mundo, Demilke, a sacerdotisa de Marah. Corben acaba optando por não deixar o pai em Grimmere e o grupo parte para Cosamhir, capital do reino.

Quando eles chegam à cidade ficam sabendo que Thwor está negociando com a corte do rei e que uma trégua foi feita temporariamente para tal. Levado até o Grande Templo de Thyatis, ele enfrenta Laessalya novamente junto com as quatro halflings da Ordem do Último Escudo. O astrólogo morre várias vezes, mas todas retornando ciente do que precisa fazer para vencer. Cabe aqui a crítica de que o próprio Thyatis parece não se importar com os assassinatos que Corben comete, pois o clérigo continua imortal. Então Corben finalmente compreende porque Laessalya é louca: ela já foi uma escolhida de Thyatis que decidiu ver o passado (sempre que Corben morria, ele tinha que escolher entre ver o passado ou o futuro). Até o momento, Corben só tinha escolhido ver o presente e o futuro. Ao se considerar pronto e decidir observar o passado, o protagonista descobre outra grande revelação da história: Avran é na verdade Ragnar, preso a condição de paladino como parte de um plano de Thyatis, que escreveu a profecia do eclipse para o deus da morte (Ragnar ditara a profecia, mas era Thyatis quem escrevera como ela aconteceria). O capítulo O Jogo de Xadrez revela todo o passado de Avran Darholt e o momento em Pyra (mundo de Thyatis) em que os deuses se encontram.

Chegando ao palácio, o grupo de Maryx e Corben se depara com a batalha final. Thwor enfrenta Avran, enquanto Maryx e os outros confrontam o que sobrou da guarda de Balek, além de Fahime e Gaardalok, que sabia sobre Avran desde o começo. Lorde Niebling também está presente no salão, mas para a decepção do leitor, ele que ao longo da história viajou até Lamnor para aprender sobre os goblinoides – chegando a ter contato com sua astrologia e sinais coloridos de comunicação à distância – se mostra apenas mais um ignorante temeroso perdido sobre o que fazer na luta que acaba fugindo. Mais tarde percebemos que Caldela fez isso para fazer sentido no ciclo do Akzath de Corben (Niebling é um “pai” que o abandona), mas eu não gostei muito da ideia.

A batalha termina com a queda da Flecha de Fogo. O cometa se parte em inúmeros pedaços, e um deles cai sobre Thwor matando-o junto com Ragnar (o plano do Ayrrak). Mais adiante sabemos que com a devoção e fé de Corben, Thraan’ya e os demais duyshidakk, Thwor ascende no Panteão como deus dos goblinóides. Os outros pedaços do cometa causam a maior destruição em Tyrondir, Lamnor, no mar (provocando ondas gigantes), no istmo e em outros pontos do reinado, criando uma nuvem de poeira que cobriu o sol durante semanas. Depois da morte de Ragnar, seres em todas as partes de Arton deixam de morrer por um tempo, até que a morte seja novamente incorporada à metafísica da realidade.

O romance termina com o evangelho de Corben, revelando que ele é agora o sumo-sacerdote de Thwor e que a Aliança Negra se dividiu em grupos controlados por diferentes generais, como o de Maryx. Um final digno para um livro memorável.

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